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CONTO II –

Uma revelação explosiva

                Espero que tenha conseguido captar o que meu primeiro relato visa passar, visitante. Gostaria de enfatizar a relevância que o Sr. Granada teve em nosso ciclo vital, assim como meus antigos companheiros puderam lhe passar a respeito de outros já falecidos, como o Sr. Garra, que deu sua vida por nós. Esse segundo relato também, assim como será o último, é uma gravação das palavras que o Sr. LeeRoy a mim destinou.

“ – Doutor! Saca só, lembra que falei que andava meio preocupado com o Granada?

‘Saca só’ quero dizer, preste atenção, é só uma gíria, perdão Doutor. Enfim, o Senhor não deve se lembrar dessa história, mas é lá do tempo de que navegávamos no troço...

 

               Certo, perdão, MecaShark. Mas bem, é dá época que o senhor desligava sua audição, porque eu e o Granada... Granada e eu  ficávamos o tempo todo de brincadeiras, contando piadas e acaba “encomodando” o Senhor.

Isso, incomodando com assuntos irrelevantes. Pois é, teve uma vez que fui dar um tapinha de brincadeira no ombro do Granada e o derrubei no mar, e o Garra teve que resgatá-lo, pois por causa das armas e equipamento que ele carrega, não conseguiu nadar, o peso o puxava pro fundo. Disso o senhor lembra-se, né?

 

          Perfeito, mas o que o senhor não sabe, foi a conversa depois, sendo que começamos a tirar sarro do Granada e o senhor desligou a audição de novo. Eu falei que ele precisava de um par de boias de braço, o Belker ficou falando que... hã... ‘cocô’ boia e tal, e falamos em colete salva-vidas. Aí o Granada disse que o dele era um colete ‘encerra-vidas’ Foi então que ele teve a ideia de verdade do colete ‘encerra-vidas’ e criou um colete todo feito de bombas.

Pois é, ele voltou a utilizar aquele treco.

 

Ele já andava estranho, sem fazer piadas, mais sério, até que começou a usar o colete faz uns dias. Hoje de manhã ele se abriu comigo.

 

Ele disse que teve um sonho e acordou se lembrando praticamente tudo do passado dele. Ele foi um soldado de elite da tropa de choque do Governo JON. E havia feito coisas horríveis. Eu brinquei com ele, falei ‘mais horríveis que suas piadas?’, mas ele não riu. Acendeu um cigarro - e ele nem fuma -, e eu o vi tremendo pela primeira vez. Ele me disse:

‘– Você não entende, LeeRoy. Todo governo é sujo. Aqui a gente já matou muitos Mithos. E até humanos. Mas criminosos que mereciam. Aquilo era totalmente diferente. Eu lembro de muitas batalhas que lutei. Ainda jovem, aos vinte e um, tinha me alistado no exército da JON. Um jovem idealista que queria mudar o mundo, lutando contra os países rebeldes que haviam se separada da ‘única e maravilhosa nação’ que o mundo havia se tornado. Até que certo dia fomos mandados numa nave indetectável para uma pequena cidade na América do Sul onde havia uma base rebelde escondida. Era um enorme galpão de madeira, construção que nem se fazia mais naquele tempo. Disseram que era justamente pra não chamar atenção. Bloquearam a porta por fora e o Sargento mandou que plantássemos bombas nas paredes de toda instalação. Eu e mais alguns da tropa de elite. Fizemos, LeeRoy. E mandamos o galpão pelos ares.

 

Nessa hora ele deu uma grande pausa. Juro que vi os olhos dele encherem d’agua. Então ele continuou:

– Não era, LeeRoy. Era um abrigo para refugiados. Havia seis soldados apenas e mais de sessenta mulheres e crianças. E eu os matei, LeeRoy. Matei covardemente todos eles...

– Olha... Não foi sua culpa... Você estava seguindo ordens... – Eu disse, mas ele prosseguiu:

– No dia seguinte eu desertei. Eu iria a público, contar as sujeiras todas do governo. Mas antes que eu pudesse sair de casa, me prenderam. Me usaram como cobaia na po**a do projeto Mitho, apagaram minha mente e aqui estou eu. Fazendo a mesma coisa. Explodindo porcarias.

– Não é a mesma coisa, Granada. Aqui você está fazendo as coisas pelo motivo certo. Se não fosse tu, centenas de inocentes teriam morrido. Se não fosse tu, EU já teria morrido.

 

Ele apenas deu um sorriso forçado e ficou horas olhando para o nada.”

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