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CONTO II – 

Mecashark e suas histórias incríveis

 

 

 

 

Essa outra história também faz muito tempo. Eu nem estava presente, mas ouvi tantas vezes, que sinto que estava lá.  Foi numa época diferente, antes dos eventos atuais, das perdas que tivemos, das separações... Foi da época que o Doutor tinha um grupo de aventureiros, andavam ajudando as cidades, protegendo as pessoas, ainda que pensavam que estavam fazendo a diferença, era tão pequeno comparado as coisas que acontecem hoje... Era Marklar, Granada Negra, Belker, Kidd, o Garra e o Doutor Crannium. Maureen já tinha ficado pra trás naquele tempo. Mas revendo, todos relembram com carinho, pois até os piores problemas que tinham eram melhores que os de hoje. Como dizem, eles eram felizes e não sabiam.

Foi quando encontraram o último membro do grupo, que de fato é uma história um tanto cômica. Haviam navegado, tinham um barco mecânico criado pelo Doutor, uma geringonça enorme pra ser sincero, cheio de engrenagens e tubos soltando fumaça, e fazia mais barulho do que um porco morrendo. Era como um alerta geral para todos, onde quer que iam, já sabiam que estavam chegando. Não era a toa que nunca pegavam nenhum inimigo de surpresa.

Divagando um pouco do assunto principal, eu preciso me voltar aos fatos que me fazem rir. eu não sei como aquele barco funcionava, nem como ou quando o Doutor o construiu, mas era feito com metal de câmaras criogênicas, e navegava com quatro enormes engrenagens que ficavam metade dentro d’agua, e conforme giravam, impulsionavam o veículo. De fato, ele era necessário, nenhum barco de madeira suportaria o peso de Marklar. E era útil, mas meu ponto é que por ser tão bizarro e barulhento, era sempre o alvo de comentários e gargalhadas.

O Doutor orgulhosamente o havia batizado de “Mecashark” – algo que seria traduzido do extinto inglês como “tubarão mecânico”. Isso gerava mais risadas e piadas, principalmente do sacana do Granada, que chamava de “merdashark”, “mecalixo”, “ecashark”... O Doutor não entendia as piadas ou sarcasmo muito bem, e ele corrigia o Granada toda vez, fazendo apenas com que, propositalmente, Granada brincasse ainda mais, gerando gargalhadas até mesmo do Padre, que vivia o repreendendo por causa do linguajar. A parte mais engraçada, é que no fim das contas, o nome que pegou foi “troço”. “Vamos para o troço”, “podem explorar a ilha, eu fico protegendo o troço”. Acredite ou não, até mesmo o Doutor, acabou cedendo e aderindo ao nome. Até cheguei a conhecer o barco, quando me uni ao Doutor muitos anos depois. É uma pena que no fim, tenhamos nos desfeito do “troço”. Doutor usou as peças para criar seu equipamento e para várias outras funções na cidade. Mas com certeza o “troço” sempre deixará saudade nas memórias do Doutor e seus companheiros.

 

Pois bem, desculpe fugir tanto do foco. Retornando ao assunto principal, foi em uma dessas andanças que atracaram o “troço” em uma ilha desconhecida, para procurar água e suprimentos. Mas logo que pararam, veio uma tempestade enorme, e todos se abrigaram no “troço”, que tinha uma espécie de carapaça, como um “tatu”, se fechando com uma cúpula retrátil. Foi a pior tempestade que houve, e pra piorar a chuva batia naquele metal, fazendo um barulho ensurdecedor. Nunca esqueço o comentário do Granada, me contando a respeito: “ainda bem que sou meio surdo”. O coitado havia perdido a audição de um ouvido e quase morrido com uma granada que explodiu antes da hora. Nossa, como sinto falta daquele malandro.

 

Quando a tempestade acabou, na manhã seguinte, e por fim saíram do "troço", se deram conta de que o “troço” estava totalmente em terra. Até hoje não sabem se foi a maré que desceu ou o “troço” que foi empurrado. Mas por fim, desceram. Preocupados em ficar presos na ilha, focaram em botar o “troço” no mar de volta. Mas nem com a poderosa tração de quatro patas do Marklar junto com a força do Belker e do Garra, foi suficiente para empurrá-lo. Eis que do meio da mata, do nada, surgiu um ABB, (advance bionic body), um desses MITHOS com o corpo totalmente robótico e apenas a cabeça exposta. Ele era enorme, homem negro, com um bigode grosso e um penteado afro. Saltando do meio da mata com um berro enorme, correndo, fazendo todos ficarem em prontidão, mas pra surpresa de todos, ele correu e se apoiou no “troço”, quando Marklar e os outros viram a intenção do estranho, apenas continuaram a fazer força, e graças a ele, conseguiram colocar o “troço” no mar de volta.

Após isso, todos ficaram estáticos sem saber o que fazer. E o grandão tomou a palavra:

– Estou preso nessa ilha faz quase 2 anos. Se vocês são bandidos, vou descer o sarrafo em todos e ir embora nesse “troço”. Se são gente boa, lhes suplico por uma carona, e pagarei com meus serviços. – Ele concluiu, então Granada sussurrou pra os outros: “devíamos levar o cara. Além de um ABB, é paranormal. Adivinhou o nome do barco”. O sacana fez todo mundo cair na risada novamente, enquanto o grandão não entendeu nada.

Marklar tomou a palavra e lhe explicou que eram aventureiros, que andavam ajudando quem necessitava, e que ele seria muito bem-vindo se tivesse as mesmas intenções, o que fez o grandão soltar um sorriso. Foi então que Marklar lhe estendeu a mão e lhe perguntou como ele se chamava.

“Poderoso homem de ferro que estremece as verdes pradarias.” – Ele soltou. Todos ficaram atônitos com o “nome” do sujeito. Enquanto apenas o Granada soltou:

“–  Troço 2.”

A gargalhada foi geral. Logicamente assim como o “Mecashark” o nome não pegou. Ele foi o membro que completou o grupo, e o nome que pegou foi o nome real dele, dito depois de repetirem a pergunta. Então Marklar finalmente o recebeu no grupo:

– Seja bem-vindo, LeeRoy.

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